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21 de agosto de 2011

Cimipranto, galeria de sangue

Na dourada aurora quando o mundo roda ruidosamente, o som da manhã desperta como para mim os lábios da tua boca, húmidos e quentes como húmus. Vê, o vento acalmou tens as coxas frias vira-te para mim como se chorasses. Sonha comigo assassinamos o tempo e ficamos assim neste prenúncio de orgasmo sempiterno.

Os figos da Primavera choram mel pelo fel amargado que lagrimo quando me venho sem avisar e me agarro a ti para me prender à felicidade presente em fuga das memórias que correm mais que eu e nunca se cansam.

Basta que estendas o braço mão na mão agrilhoados a brisa do mar apanha-nos de perfil sobra as mós da roda que nos eterniza inferniza jugulando como presas que se vão apagando despedindo-se desta piada de mau gosto às quais sem saber porquê gostava de pedir desculpa enregelado entre os dentes que tiritam, e amigos e conhecidos regurgitam sombras que se desfazem contra rochas de hábitos.

Diz-me, vais lá estar?
Ajuda-me salvando-me a mim de mim a quem não consigo escapar, é no quente do teu rosto aninhado no âmago do teu mosto que quero estar.

Entre este rio e o mar do lado esquerdo do meu peito mora um sobreiro manso que todas as manhãs vence a cacimba, um dia nossos pecados se acharão à sombra de um cutelo padrasto, na última exalação de um moribundo valiosa valiosa tremenda mágoa.

13 de agosto de 2011

Precários preçarios proletários I - PULL & BEAR

Sapatilhas do chinês
em pequenos pés de finas meias encardidas
saco de plástico machucado pelo chão
perto dos frágeis tornozelos a sandes
em guardanapo de papel amarrotado
naquele canto a jovem sustenta o corpo
escondida da loja.