1 de junho de 2010
Norte
Sentado na beira olhando a vela
Sinto a minha mão quente da dela
O Douro respira de encontro ao mar
Era ali que queria ser, que queria estar
Há aqui tanto de mim
Há aqui tanto de mim
Malditos aqueles que desmancham
partindo cindindo o que não entendem
sinto a minha mão quente da dela
sentado na beira olhando a vela
Prenhe de pensares que se arranjam
arrepios de amor pelo meu país nascem
O Douro respira de encontro ao mar
em mais algum sítio queria estar
Triste e perdido no seu serpentear
Desde tudo o que aconteceu
Nada mais há por semear
este é o meu pais onde moro
este é o meu país onde moro
Há aqui tanto de mim
Quero-vos tanto a ela e ao meu país
Não é possível viver querendo assim
No coração o sangue dela serpenteia como Douro
veneno agri doce aroma de aniz.
27 de maio de 2010
Caves
Em Gaia mirava mas o Sol fugido havia, restou-me olhar o complacente arrastar do rio para a curva da foz.
Chão de pedra atapetado, arrastava-se sobre os meus pés.
Grandes testemunhos de tempos e outras vidas sob as fachadas de edifícios velhos, bonitos e devolutos, anónimas carcaças de vidas que já estão faz muito tempo no ocaso.
Que vale a vida de um homem ou de uma mulher, em cuja única promessa irónica de imortalidade reside em deixar uns filhos?
No Porto não é a luz que manda, mas a superfície das coisas que os homens fizeram.
Tempo aprisionado nas coisas antigas que por lá vimos, incluso nas vestimentas dos velhos amantes de homens tomando cimbalinos de manhã ao pé da Cadeia da Relação.
Todas as vidas e pormenores que se revelam saindo de caves onde draculeamente descansam até à chegada do olhar atento.
Ali jaz o meu país.
Por todo o lado turistas capturam memórias em forma de instantes fotográficos para mais tarde recordar, levando tembém eles as carcaças para casa, do tempo que já passou.
Vale a vida de um homem ou de uma mulher, ser a testemunha passiva do tempo que se arrasta à sua frente, como um rio indómito à espera que chegues à tua foz?
Chão de pedra atapetado, arrastava-se sobre os meus pés.
Grandes testemunhos de tempos e outras vidas sob as fachadas de edifícios velhos, bonitos e devolutos, anónimas carcaças de vidas que já estão faz muito tempo no ocaso.
Que vale a vida de um homem ou de uma mulher, em cuja única promessa irónica de imortalidade reside em deixar uns filhos?
No Porto não é a luz que manda, mas a superfície das coisas que os homens fizeram.
Tempo aprisionado nas coisas antigas que por lá vimos, incluso nas vestimentas dos velhos amantes de homens tomando cimbalinos de manhã ao pé da Cadeia da Relação.
Todas as vidas e pormenores que se revelam saindo de caves onde draculeamente descansam até à chegada do olhar atento.
Ali jaz o meu país.
Por todo o lado turistas capturam memórias em forma de instantes fotográficos para mais tarde recordar, levando tembém eles as carcaças para casa, do tempo que já passou.
Vale a vida de um homem ou de uma mulher, ser a testemunha passiva do tempo que se arrasta à sua frente, como um rio indómito à espera que chegues à tua foz?
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